sábado, 26 de fevereiro de 2011

What the world needs now?

O que o mundo precisa agora?
Qu'est-ce que le monde a besoin maintenant?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Perdí mais um amigo?

Era quase uma hora da tarde, em uma esquina bem movimentada. Meu amigo estava de malas prontas em sua casa, estávamos em seu carro. Tinha acabado de ajudá-lo em uma das muitas coisas que ele tinha para fazer antes de sua viagem rumo a capital. Seu objetivo agora é estar em outro país, com sua esposa e filha.

Em meio a um abraço rápido e um "thank you for everything", nos despedimos rapidinho (pois a buzina estava tocando atrás da gente) e lá se foi ele para sua nova jornada. Lá fiquei eu, com olhos molhados, tentando engolir o último acontecimento de minha vida.

Perdi ou não um amigo?

Meu primeiro amigo foi o Marcelo. Subíamos no pé de Abíu juntos, pois ele quase sempre vinha (ou eu até ele) brincar em minha casa. Éramos vizinhos e como bons amigos estávamos sempre perto um do outro. Crescemos em meio a brigas também, mas muitas brincadeiras de bola, Comandos em Ação e outras coisas boas desse vida.

Um aniversário que eu consigo me lembrar é o de 5 anos (ou será 6? Eita, não lembro direito). Me lembro que foi uma festa e tanto, não consigo me lembrar dos detalhes mas do mais importante eu me lembro sim: Muita gente na casa, um caminhão de brinquedo que ganhei e, claro, Marcelo. Ele estava lá do meu lado, inclusive quando fomos cantar "parabéns para você". Estava em pé em outra cadeira, bem do meu lado, como se nós dois estivêssemos fazendo aniversários juntos.

Amigos nascem juntos. Creio nisso desde os 5 (ou 6?) anos de idade.

O tempo foi passando, e a barba crescendo. Mas antes da barba, Marcelo se mudou para o Méier e aí foi também grande parte do meu coração. As pessoas costumavam dizer que eu era "um bicho do mato". Mas eu acho que a saída dele me ajudou nisso, apesar de saber que sou quieto por natureza. Não gostava de fotos, escondia meu rosto diante das máquinas. Acho que até hoje eu não gosto.

Pois bem, se o Marcelo não vem a mim, eu vou à Marcelo. Passava férias na casa dele, e gostava demais de brincar com seus brinquedos, sempre "os últimos da moda". Odiava vê-lo tratando-os de qualquer forma, alguns novos já estavam quebrados! Que pecado. Quando ele vinha para a Baixada, estava lá em casa... A barba foi crescendo, ele voltou para perto, voltou a ser vizinho. As "brincadeiras" mudaram, sentávamos em frente ao mercadinho de seu pai para conversar sobre Flamengo, ver as meninas bonitas passando pela rua, olhar o movimento do Zenóbio da Costa... Um tempo à toa, mas não à toa. Afinal de contas, tempo com amigo é precioso. Mesmo que seja à toa. Até hoje, quando volto para casa, bate uma saudade e tanto quando vejo o mercadinho.

Me lembro quando seu avô morreu. Ao entrar no cemitério, entrei em prantos junto com outro amigo, Givanildo. "Não sei se vou aguentar ver meu pai e minha mãe morrer!", falava aos prantos. Não me lembro de nenhuma palavra que o Giva me disse, mas nunca me esqueço de sua mão no meu ombro. Assim se foi o avô do Marcelo, meu primeiro amigo. Marcelo estava ao lado de seu irmão, Tiago, numa das cenas mais horríveis que ví na minha vida: os dois chorando olhando para a terra que acabara de enterrar o avô deles. Avô que não era avô, era pai. Talvez seja por isso que Marcelo vivia com os avós.

Hoje eu não tenho notícias do Marcelo. Cheguei a visitá-lo uma vez, estava meio gordo, ainda "cheio de graça" e com as mesmas palhaçadas de sempre. Talvez hoje eu não o reconheça na rua, talvez continue vivendo em Quintino com a avô, talvez tenha tomado vergonha na cara e tenha se casado. Realmente eu não sei. Só sei que ele era e é meu amigo.

E aqui estou eu, em uma terra estranha, dentro de um taxi, disfarçando minhas lágrimas para que o motorista não me veja. Eu "perdera" e perdera um amigo.

Perdí ou não perdí? Eis a questão.

Rapaz, você perdeu e não perdeu. Não quero filosofar, mas amigos não se perdem, eles sempre são. Podem subir em árvores, estar ou não com você no teu aniversário, podem ter barba. Podem morar no mesmo bairro, e até mesmo mudar de país. Eles ainda são. Mas também é verdade que os perdemos pois a presença deles é mais que festejada, a ausência deles é mais que chorada. Não adianta apagar o sentimento, essa é verdade. Apesar do Skype e Messenger da vida, sempre bom sentir o braço deles no ombro.

Assim a vida continua, amigos vem e vão, sempre serão. Os que se vão, ficam como lembranças vivas de que o Reino realmente existe. Como é bom saber que muitos deles eu os verei novamente! Se não for aqui em baixo, será lá em cima.

Marcelo e Jeon, até um dia! Ou então, até o dia.