VIVENDI

Estamos no Ato III, na Cena I. O príncipe Hamlet está querendo vingar a morte de seu pai. Como? Ele quer executar o Tio Cláudio. Assim é Hamlet, a peça mais longa de Willian Shakespeare. É a cena da "loucura real e fingida", muito bem retratada na vida.

A frase To be, or not to be, that's the point ("Ser ou não ser, eis a questão") é famosa e aclamada por filósofos e pensadores. No mundo atual onde verdades podem se opôr, você precisa mostrar o que você faz. O que suas mãos podem fazer, mostram quem você é. Você faz, você é. Jamais o contrário. Afinal de contas, o que você faz escondido em teu quarto pouco interessa. O que interessa mesmo é a capa que você usa na rua.

Só que no Cristianismo de Jesus não é assim. Para aqueles que o amam de verdade, também não é assim. É justamente o contrário. Não há lugar para marcas, a não ser as da cruz. No Cristianismo de Jesus você só pode fazer quando é. Sua essência mostra quem você é. A crise entre ser e fazer é resolvida quando olhamos os simples e significantes passos do Carpinteiro de Nazaré, Aquele que foi enviado com um propósito que ecoa desde os primeiros dias da eternidade.

Infelizmente, na grande maioria dos casos, não é assim que vemos ao nosso redor. Pessoas precisam usar bonés para mostrar quem são, pois a moda é ser artificial. É não confrontar o erro, é o culto ao Eu, são músicas e suas vães repetições. Tudo é show, dinheiro, milagres arranjados para o "venha o meu reino". Catedrais são feitas em nome do reino humano, verdadeiras torres de Babel no século XXI. Como disse Salomão à muito tempo atrás, "tudo vaidade". Aqui eu acrescento, "tudo vertigem". É aí que entra o Hamlet da Fé, a realidade louca de palavras vãs que vem e que vão em um rodízio de dar tonteira.

É do cansaço de ter vertigem que este blog apareceu. É a vontade de dizer NÃO à esse sistema malígno que ciranda alguns bancos de igreja. É um grito para o retorno à essência, de realmente sermos percebidos não pelas melancias que usamos nas cabeças, mas sim por aquilo que somos. Ser ou não ser, será sempre a questão.

O Cristianismo de Jesus nos faz ser. Somos transformados pelo Seu toque, amamos porque Ele nos amou primeiro. Nos envolvemos com as Suas coisas, sem deixar que nenhuma delas (nenhuma) se torne um deus feroz e sagaz. Abraçamos o próximo, como a si mesmo.