domingo, 9 de outubro de 2011

Tomei café com Papai hoje

Atualmente, onde eu moro, existe a cultura dos homens irem ao café. É muito comum você sair com seus amigos, sentar nesses lugares agradáveis e "jogar conversa fora". Ou então ver jogos da Champions League.

Mas hoje é Domingo. É dia de ir para a cafeteria?

Faz um bom tempo que estou em luta com o Domingo. Tem sido uma briga feia. O chamado "Dia do Senhor" deixou de ser d'Ele, já que minhas experiências por aqui, neste específico dia, tem me atordoado um pouco a mente. É verdade: domingo é dia do Senhor, mas segunda também é. E a sexta? É dia de quêm?

Muitas terminologias morreram na minha cabeça e nem fiz funeral por elas. Muito pelo contrário: o "funeral" foi de alegria por ver que muitas dessas palavras não passam pelo fogo. São apenas palha, já que não há profundidade nelas. Se não há verbo, a palavra só pode trazer realmente significado, "v ida", quando entra em ação. Se o "Dia do Senhor" não for vivido todos os dias, para que serve sentar do lado de alguém e ficarmos todos olhando para a frente? Seria uma "segunda televisão", uma "televisão do Senhor"?

Mas hoje foi um domingo diferente, como a segunda e terça feira precisam também ser. Ao caminhar pela rua quase vazia, fui para uma cafeteria, já que não estava nos meus planos chegar cedo "no templo". O garçom veio e pedí café forte, comme d'habitude (como normalmente). O clima estava gostoso, um vento fresco e árvores lindas e enormes cativaram meus olhos. Foi alí que eu comecei a abrir meu coração e isso, com certeza, faz toda diferença.

Não há nada que Deus possa fazer se o coração não estiver aberto. Posso explicar? Nosso relacionamento com Ele extravasa conceitos, dogmas e modelos. O universo não pode conter Seu amor e Seu desejo é de íntimo relacionamento. Jesus não veio a terra para carimbar nossos passaportes. Sua missão foi muito mais profunda do que isso. Óbvio que Deus tudo pode fazer, "mas um coração contrito e abatido, este Ele não desprezará". Estar alí, em um simples café, conversando com Ele, é dar um verdadeiro abraço no Papai. É estar na posição de amigo. Sua presença invade cafeterias, ruas inteiras e templos. Ele está em todo lugar, e se faz presente onde dois ou três se reúnem em Sua presença. Apenas em Sua presença. Aprendí, no mês passado, algo que me deu luz para o meu caminhar: Deus está em minha presença. Esse é o que eu chamo de "Domingo Nosso de Cada Dia".

Tomar café com Papai foi muito bom. Lavei meus olhos novamente e me lembrei quando estava na ilha olhando o por do sol. Mas o relógio avança loucamente, e deu 9 horas, "hora em que o culto já vai começar". E lá fui eu com o coração apertado, indo para o chamado culto. Todavia, minha vontade era ficar alí sentado por horas, ao cheiro do café, lavando e lavando os olhos.

No templo, fomos agraciados com pessoas que amam Ele com todo coração. Talvez você pergunte: "mas sempre teremos pessoas assim nos templos, não é?". Talvez sim, talvez não. Templos estão muito cheios ultimamente, são enormes, grandiosos. Hoje o cimento vale muito mais do que o caráter. "Que se dane o que eu faço sozinho no meu quarto (caráter), o que importa é que vou a igreja". Muitas vezes essa é a regra.

Tomei café com Papai hoje e já estou sentindo saudades (risos). Mas por quê, se Ele está comigo por onde eu for? Desculpe-me Papai pela ignorância! Ainda bem que almoçarei com Ele daqui a pouco, depois veremos o jogo do Flamengo juntos. Em seguida, brincaremos com minha filha. Dormirei sob o Seu olhar para que amanhã eu acorde e lhe diga "bom dia".

Mais um café juntos? Ótimo!