sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano!

Não se preocupe. Acidentes podem também acontecer em 2012. Mas vamos crescer, não é gente? Sejamos como crianças! Um feliz ano novo, de novo, dentro de você.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Não vê direito?


Não tem problema se você não consegue ver direito. O importante é saber que este blog terá algumas mudanças consideráveis para o ano que vem. O conteúdo continuará o mesmo, aliás, foi o conteúdo que acabou me empurrando para a "conversa ao pé da cama" que me fez repensar o blog.

Nos vemos no ano que vem? Não. Antes disso passo por aqui e deixarei meus votos para você e tua família.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Dance aqui e agora

Faz um tempo que aquilo que chamamos de entreterimento tem procurado mostrar algumas verdades verdadeiras. Chuver no molhado? Para eles não é. É possível ver em comerciais e filmes (não em todos, obviamente), um certo incômodo com situações que, para nós cristãos, deveriam ser combatidas. Eu gosto disso, pois me maravilho em ver "pedras clamando". Faz parte do show da vida, uma vez que foi de certa forma predito pelo Carpinteiro. Quem é que não se lembra do comercial do Johnnie Walker? Somos notáveis?

Não sei quanto a você mas eu encho os pulmões para dizer que amo filmes! Se pudesse, assistia um a cada noite. Ainda mais quando ele ultrapassa os efeitos especiais ao confrontar o quotidiano que vivemos, coisas tão ordinárias demais para nós que não nos chamam mais a atenção. Somos ocupados para ver aquilo que não é ordinário. Se vemos, talvez seja porque temos um certo interesse no assunto. Se não, "bola para a frente". Claro, sem gol de placa.

Ontem a noite, ao passear pelos canais de TV, ví que não poderia resistir ao desejo de ver Shall We Dance (Dança Comigo) pela miléssima vez. Nunca vou me esquecer de minha reação, quando eu o ví pela primeira vez... Se choro quando vejo o Senhor dos Anéis, posso dizer que "nado de costas" quando vejo esse filme. Mas hoje eu dei asas para a curiosidade e decidí ver alguns cartazes deste filme de 2004. Me surpreendí com um slogan do mesmo (existem dois), que dizia Step out of ordinary. Traduzindo, seria "um passo fora do ordinário".

Ordinário é uma palavra, digamos, pesada, não é mesmo? Mas o que diz o nosso bom e velho Aurélio? Vejamos:

Que se faz comumente; habitual, useiro, vulgar; comum. / Freqüente; que ocorre a cada instante; que se vê muitas vezes.

Bingo! É verdade. Poxa, não é uma palavra tão pesada assim. Nada tão comumente em nossas ruas do que se deleitar ao olhar para o ordinário. É habitual "chegar junto", useiro e vulgar. Isto é, comum. Quem é que resistiria aos encantos do que é comum, sempre se apresentando pela janela dos olhos?  Afinal de contas, todo mundo faz. É algo que se vê muitas vezes, diz o Aurélio. 

O filme trata de um advogado pacato, sério e com a vida toda arrumada, literalmente sobrevive na existência do quotidiano. Que dureza! Sobrevive, e lhe falta um gostinho de "quero mais". Voltando do trabalho, ele vê na janela de uma quase falida academia de dança, a oportunidade de dar um salto no escuro. É irresistével, lhe faz pular do trem (literalmente) rumo ao alvo que lhe faz pesar a cabeça. "Por que estou fazendo isso", se questiona corretamente. Ele quer dançar conforme a música. Fica perto do perigo e, mesmo não conseguindo dar motivo ao motivo à primeira instância, decide continuar a dançar. Mas agora, de verdade. É engraçado a torcida que acontece na cena final do filme que surpreende um mundo de mais de 7 bilhões de habitantes.

O ordinário John deixa de ser ordinário. Ele é incrivelmente espetacular. Arranca lágrimas daqueles que vêem a possibilidade de ser mais, jogando sementes na cabeça dos ordinários que vivem ao redor de nós. Ou será em nós? Calma, não precisa responder: palavras não são nada, atitudes sim.

Conforme um dos slogans do filme, é uma comédia romântica de alguém que quer conduzir sua própria vida. Uma comédia onde o ator principal, a verdade, faz delirar de rir o ordinário comum. Tudo bem, deixa ele rir de você, de mim e de todos nós. Seremos sempre espetáculo, mas nunca ordinários. 

É verdade que as vezes o livro do amor é longo e chato. Mas tem musiquinhas bobas dentro dele. O que seriam das danças sem elas? Escrito a muito tempo atrás, é cheio de flores e caixinhas em forma de coração. E sempre haverá coisas que nós seremos toda vez pequenininhos para saber.

But I, 
I love it, when you read to me
And you, 
You can read me anything


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Desadoração

Faz um bom tempo (bota bom nisso) que tenho muitas dificuldades (muitas mesmo) de ouvir músicas chamadas "louvor". Já é incrível o fato de que "empobrizamos" a palavra "louvor" só pelo fato de só lembrarmos dela quando cantamos.

Tenho dificuldades de ouvir muitas músicas chamadas "louvor" simplesmente pelo conteúdo evasivo, pobre e paradoxalmente centrada na pessoa em si: seus desejos, ambições, conquistas. Sim, nós somos tudo em todos.

Foi aí que me deparei com um vídeo muito interessante. Algumas vezes eu rí ao assisti-lo mas devo confessar que, muitas das vezes, eu tenha cantado dessa forma: só palavras bonitas jogadas ao ar, com bons instrumentos me acompanhando, mas nada de veracidade naquilo que falo. O resultado é justamente o inverso daquilo que canto.

Sem rodeios, veja por si mesmo. Nós já cantamos assim ou não? Sem rodeios, por favor.


domingo, 9 de outubro de 2011

Tomei café com Papai hoje

Atualmente, onde eu moro, existe a cultura dos homens irem ao café. É muito comum você sair com seus amigos, sentar nesses lugares agradáveis e "jogar conversa fora". Ou então ver jogos da Champions League.

Mas hoje é Domingo. É dia de ir para a cafeteria?

Faz um bom tempo que estou em luta com o Domingo. Tem sido uma briga feia. O chamado "Dia do Senhor" deixou de ser d'Ele, já que minhas experiências por aqui, neste específico dia, tem me atordoado um pouco a mente. É verdade: domingo é dia do Senhor, mas segunda também é. E a sexta? É dia de quêm?

Muitas terminologias morreram na minha cabeça e nem fiz funeral por elas. Muito pelo contrário: o "funeral" foi de alegria por ver que muitas dessas palavras não passam pelo fogo. São apenas palha, já que não há profundidade nelas. Se não há verbo, a palavra só pode trazer realmente significado, "v ida", quando entra em ação. Se o "Dia do Senhor" não for vivido todos os dias, para que serve sentar do lado de alguém e ficarmos todos olhando para a frente? Seria uma "segunda televisão", uma "televisão do Senhor"?

Mas hoje foi um domingo diferente, como a segunda e terça feira precisam também ser. Ao caminhar pela rua quase vazia, fui para uma cafeteria, já que não estava nos meus planos chegar cedo "no templo". O garçom veio e pedí café forte, comme d'habitude (como normalmente). O clima estava gostoso, um vento fresco e árvores lindas e enormes cativaram meus olhos. Foi alí que eu comecei a abrir meu coração e isso, com certeza, faz toda diferença.

Não há nada que Deus possa fazer se o coração não estiver aberto. Posso explicar? Nosso relacionamento com Ele extravasa conceitos, dogmas e modelos. O universo não pode conter Seu amor e Seu desejo é de íntimo relacionamento. Jesus não veio a terra para carimbar nossos passaportes. Sua missão foi muito mais profunda do que isso. Óbvio que Deus tudo pode fazer, "mas um coração contrito e abatido, este Ele não desprezará". Estar alí, em um simples café, conversando com Ele, é dar um verdadeiro abraço no Papai. É estar na posição de amigo. Sua presença invade cafeterias, ruas inteiras e templos. Ele está em todo lugar, e se faz presente onde dois ou três se reúnem em Sua presença. Apenas em Sua presença. Aprendí, no mês passado, algo que me deu luz para o meu caminhar: Deus está em minha presença. Esse é o que eu chamo de "Domingo Nosso de Cada Dia".

Tomar café com Papai foi muito bom. Lavei meus olhos novamente e me lembrei quando estava na ilha olhando o por do sol. Mas o relógio avança loucamente, e deu 9 horas, "hora em que o culto já vai começar". E lá fui eu com o coração apertado, indo para o chamado culto. Todavia, minha vontade era ficar alí sentado por horas, ao cheiro do café, lavando e lavando os olhos.

No templo, fomos agraciados com pessoas que amam Ele com todo coração. Talvez você pergunte: "mas sempre teremos pessoas assim nos templos, não é?". Talvez sim, talvez não. Templos estão muito cheios ultimamente, são enormes, grandiosos. Hoje o cimento vale muito mais do que o caráter. "Que se dane o que eu faço sozinho no meu quarto (caráter), o que importa é que vou a igreja". Muitas vezes essa é a regra.

Tomei café com Papai hoje e já estou sentindo saudades (risos). Mas por quê, se Ele está comigo por onde eu for? Desculpe-me Papai pela ignorância! Ainda bem que almoçarei com Ele daqui a pouco, depois veremos o jogo do Flamengo juntos. Em seguida, brincaremos com minha filha. Dormirei sob o Seu olhar para que amanhã eu acorde e lhe diga "bom dia".

Mais um café juntos? Ótimo!

domingo, 17 de julho de 2011

Não se Gondinize

O mundo está girando meu chapa. E em uma velocidade enorme, assustadora, nos colocando no canto da parede e perguntando "E aí? Vai encarar?".

Tá na hora de arregaçar as mangas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Aprenda com o Chico

Chico é Buarque, e também paratodos. Por isso, sabe que rir é o melhor remédio. Remédio contra comentários maldosos, contra a raiva, contra a internet. Hahaha, valeu Chico!

Video do dia: Comentários na Internet from Chico Buarque: Bastidores on Vimeo.

sábado, 2 de julho de 2011

O que um sapateiro pode fazer?

Essa pergunta, a primeira vista, não tem outra resposta. Afinal de contas, não é o sapateiro um profissional que conserta e fabrica sapatos? Sim, é verdade. Ele trabalha na área de calçados, cuja materia-prima em sua grande maioria é o couro. Também trabalha com vários acessórios atualmente. Não sei quanto a você mas eu não me lembro de ter tido contato com um sapateiro na minha vida. Não me lembro de ter precisado seus serviços. O que o sapateiro pode oferecer, todos nós sabemos.

Mas se eu dissesse para você que um sapateiro foi capaz de descobrir uma das três variedades de eucalipto em um país distante? Que esse sapateiro foi capaz de introduzir o sistema Linnaen de jardinagem nesse mesmo país? Você não acreditaria que esse sapateiro publicou os primeiros livros de ciências e história natural no país que estava vivendo?

Se eu dissesse que um sapateiro foi o primeiro a levar o motor à vapor para um país distante, o primeiro a fabricar no país o papel para a indústria de publicações desse país?

Imagina um sapateiro introduzindo a ideia de instituições bancárias de crédito para combater o mal social da agiotagem? Imagina ele sendo o primeiro homem que liderou uma campanha de tratamento mais humano para leprosos?

Para quem gosta de tecnologia gráfica como eu admiraria esse sapateiro. Ele também trouxe a ciência moderna de gráfica e publicações e depois ensinou e desenvolveu a mesma. Ele montou o primeiro jornal a ser impresso em uma língua oriental.

O que dizer quando se vê um sapateiro como fundador da Sociedade de Agri-horticultura, na década de 1820, trinta anos antes de ser fundada a Sociedade Real de Agricultura da Inglaterra? Dá para acreditar que esse sapateiro foi um dos defensores da reforma agrícola nesse país distante?

Além disso, esse sapateiro traduziu e publicou grandes clássicos religiosos desse país onde ele morava, além de tratados filosóficos. Transformou o Bengali na principal linguagem literária desse país (antes essa língua era considerada digna "dos demônios e das mulheres"). Escreveu músicas cristãs nessa língua.

Dá para acreditar que esse sapateiro se tornou professor de Bengali, sânscrito e Marathi na faculdade Fort William, em Calcutá? Dá para crer que ele formava funcionários públicos? Sem falar nas dezenas de escolas para crianças que ele fundou. Esse sapateiro até criou a primeira faculdade da Ásia em Serampode (perto de Calcutá). Acreditas?

Como um bom professor que esse sapateiro era, introduziu também o estudo da astronomia no subcontinente. Ele acreditava e fazia os outros acreditarem que os astros precisavam ser estudados pois são obras do Criador. O mesmo lhes determinou serem "sinais e marcadores".

Uma aluna de pós-graduação em biblioteconomia poderia dizer que esse sapateiro foi o primeiro bibliotecasrede no subcontinente. Trouxe, com ajuda de amigos, muitos livros educativos pois desejava também uma "libertação" intelectual do povo. "Ele queria tornar acessível à nós a informação global, através das bibliotecas-rede", diria essa estudante.

Um sapateiro que queria um mundo sustentável. Seria isso possível? Sim, ele queria. Tornou-se o primeiro homem nesse país distante a escrever ensaios sobre o reflorestamento, quase 50 anos antes da primeira tentativa do governo de conservação ambiental. Esse sapateiro praticou e defendeu o cultivo de madeira, dando conselhos práticos sobre como plantar árvores para o progresso ambiental, agrícola e comercial.

As mulheres de sua época podem dizer que ele foi o primeiro homem (sapateiro) que se opôs aos assassinatos inescrupulosos e à opressão das mulheres em geral. Enquanto muitos tratavam essas coisas como "cultura", esse sapateiro se levantou e realizou pesquisas sistemáticas de sociologia e também da Bíblia. Publicou esses relatórios para mover a opinião pública e levantar protestos, tanto em Bengal como também na Inglaterra. O resultado dessa luta de 25 anos foi a publicação do famoso edito de Lord Bentinck, em 1829, banindo uma das práticas religiosas mais abomináveis, como "a queima das viúvas".

Esse sapateiro, a princípio, não teve permissão de ingressar na parte inglesa desse país (ele era um sapateiro inglês) porque a grande empresa que trabalhava lá era contra o proselitismo de hindus. Portanto, foi para a "área dinamarquesa" em Serampore. Mas quando a companhia não encontrou um professor de bengali qualificado, chamou o sapateiro qualificado para o serviço. Assim, sendo "sapateiro-professor" na universidade durante os 30 anos que lecionou, conseguiu transformar a essência da administração britânica de exploração imperial indiferente em serviço civil.

Um aluno de filosofia indiana pode dizer que esse sapateiro restaurou a idéia de que a ética e a moralidade são inseparáveis da religião, já que o pressuposto básico da religião védica ensinava a separação entre a ética e a espiritualidade. Já um outro aluno, dessa vez um aluno de história, pode dizer que esse sapateiro foi o pai da renascença indiana nos séculos XIX e XX. "A índia hindu atingiu o seu ápice intelectual, nas artes, arquitetura e literatura no século XI d.C", ressaltaria esse aluno de história.

Esse sapateiro não viu a Índia como um país a ser explorado, mas como um lugar especial, que deveria ser amado, servido e onde a verdade, e não a ignorância, precisava reinar. Esse sapateiro enfatizou o desfrutar da literatura e da cultura, em vez de refutá-la como algo maya. Sua espiritualidade prática, com forte ênfase em justiça e amor ao próximo, amor à Deus, marcou a mudança de rumo da cultura indiana. Os primeiros líderes indianos da renascença procuraram inspiração nesse sapateiro e nos amigos que viveram com ele.

Bom, o que um sapateiro pode fazer?

Será que ele tinha o apoio incondicional da rainha da Inglaterra? Estaria ele em convênio com o Greenpeace? Talvez ele tivesse vários advogados ao seu dispôr no exterior. "A ONU, com certeza, o enviou para começar essas reformas", alguém poderia dizer. Com certeza esse sapateiro tinha um iPAD, conectado 24 horas à rede 3G indiana e, com isso, pode se mover e fazer as muitas pesquisas que realizou, tudo financiado pelo Google. Ele deve ter escrito bastante no Wikipedia e deve ter sido convidado para ser um palestrante no TED. Talvez tenha ganhado um Nobel. Mas uma coisa deve ter sido verdade: teve ele o apoio incondicional de sua igreja e de sua denominação?

Pois bem, o que um sapateiro pode fazer mesmo, hein?

(Baseado no artigo Carey: Christ and Cultural Transformation, escrito por Ruth e Vishal Mangalwadi, Copyright 1993, com alguns acréscimos meus)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O que dizer da PL 122?

Amados desse mundo, como vão? Recoloco aqui, as palavras do Caio sobre a famosa PL 122. Ao recolocar, digo para todos também a minha opinião sincera sobre o assunto, já que muitos sites e blogs cristão tem tratado do assunto como "direito civil", religiosidade cega", e outras coisas que não vem ao caso. Está aí a razão pela qual eu passo para vocês o que penso sobre esse assunto tão polêmico nesses dias.

Boa leitura!

" Muita gente vem me escrevendo acerca do tal Lei Contra a Homofobia pedindo de mim uma opinião, a qual, tendo em vista que em geral os “religiosos” são homofóbicos mesmo, não me interessei nem em ver o texto e menos ainda em discuti-lo. Ontem, no entanto, atendo ao pedido de uma pessoa amiga e que ocupa o cargo de Senador da Republica, li o texto a fim de dar a minha opinião.

Ora, a simples leitura do texto do projeto de lei me evidenciou de saída o fato de que o tal projeto não apenas incorre em várias inconstitucionalidades, mas, também, muito além disso, cria precedentes hostis e perversos, sem falar que dá, em tal caso, aos queixosos homossexuais, um poder de arbítrio sobre inúmeras áreas da vida comum, gerando o espaço legal para grande quantidade de exageros e exacerbações.

Em minha opinião o projeto de lei é inconstitucional na forma como está redigido, pois, gera uma soberania de direito ao grupo que demanda tal direito, que, pela própria natureza da formulação legal, anula outros direitos superiores e bem mais antigos em sua legitimidade.

Por exemplo, por tal lei, no caso de ela um dia vigorar, os demais direitos universais (como o de expressão de opinião de qualquer natureza, se for contrária às manifestações homossexuais, ainda que escandalosas), serão subjugados pelos direitos de qualidade “Homocráticas” de tal grupo, posto que, pelo bojo da proposta, declara-se mesmo a impossibilidade de discordar publicamente de práticas ou ideologias de conteúdo homossexual.

Ora, a tal PL122 supostamente se fundamenta em direitos inalienáveis, como os que protegem condições intrínsecas dos humanos, como raça, etnia e cor, mas, apesar de tudo, evoca os direitos da própria expressão religiosa (um dos direitos inalienáveis da Constituição), pondo-se em equivalência com aquilo que sendo objetivo não necessita nem de demonstração e nem de prova, como é o caso de uma raça ou etnia.

Uma raça é uma raça. Uma etnia é uma etnia. Portanto, são realidades universais e objetivas em sua constituição.

Não é a mesma coisa com a condição homossexual, a qual, como se sabe, tem casos de homossexualidade inata e intrínseca, tanto quanto também possui uma enorme quantidade de casos que não carregam traços inatos da condição, mas apenas configuram uma “escolha”, não sendo, dessa forma, em hipótese alguma, algo que possa ser universalizado como universal é o direito de uma raça ou etnia.

Isto sem falar que a PL 122 também cria, de modo inerente, uma espécie de vitaliciedade empregatícia. Sim! Pois com as descrições de direito que teria um suposto homossexual ante um patrão (podendo ele alegar pela via da simples queixa que está sendo objeto de discriminação, não importando o grau de objetividade e de constatabilidade da denuncia) - todos os patrões são postos na difícil situação de temer despedir um funcionário homossexual, por qualquer que seja a razão trabalhista ou funcional, em razão de que sob ele pesará a possibilidade de ser condenado pela subjetividade ou até mesmo esperteza e ou maldade do funcionário queixoso.

Há de se ter leis que protejam os homossexuais de toda forma de discriminação real e objetiva. Do mesmo modo, há de se ter sempre leis que ao garantirem os direitos de minorias não o façam contra a expressão da maioria.

A presente PL 122, todavia, vai além da proteção aos direitos dos homossexuais, e, por outra via, passa a ser uma lei de Homossexualismo ao invés de ser um lei de proteção ao direito de ser homossexual numa sociedade democrática e pluralista.

Acho fundamental aqui fazer duas distinções que julgo importantes:

1. Homossexualidade não é homossexualismo. Homossexualidade pode ser uma condição psíquica ou até congênita (ainda a ser completamente provada, e, até agora, relacionado à minoria dos casos), a qual, na maior parte das vezes, é praticada com descrição e recato natural, assim como deve proceder um heterossexual sadio. Já o homossexualismo é ideológico, político, impositivo, catequético, fundamentalista em seu fervor fanático, e, sobretudo, trata-se de um movimento “sindicalizante” e hostil. Ora, a presente PL 122 é tipicamente um projeto de lei homossexualista e altamente ideológico.

2. Direitos Universais são caracterizados pela inafastabilidade objetiva da condição existente. Assim, etnias e raças carregam a si mesmas em seus direitos universais. Ora, o mesmo não se pode dizer da homossexualidade, a qual existe em estado de profunda subjetividade, além de que está há anos luz de distancia de qualquer coisa que se possa chamar de condição universal. Desse modo, creio que a presente PL 122 faz universal um particular da existência humana. Ora, em tal caso, creio que uma outra PL deve ser proposta, mas que não carregue em si “direitos” que soneguem outros direitos universais já estabelecidos e por todos aceitos como fruto do bom senso.

Aqui me eximo de falar sobre outras implicações do presente Projeto de Lei 122, posto que a meu ver são apenas reações angustiadas ante à desvairada propositura da PL122, mas que não tratam das questões de sua inviabilidade Constitucional.

Isto posto de modo muito rápido, concluo dizendo que creio que o que de melhor se faria seria derrubar tal PL122, e, no lugar dela, que parlamentares equilibrados, e que, portanto, não fossem nem militantes homofóbicas e nem militantes homossexualistas, propusessem um novo projeto de lei, o qual deveria dar respeito e dignidade aos homossexuais em nossa sociedade, ao mesmo tempo em que eles não fossem feitos os juizes e os executores de leis conforme se prevê nesta fatídica PL122.

O meu temor agora é pelas manifestações de amanhã, como Silas, Linhares e Cia. LTDA vociferando ódios, de um lado; enquanto, do outro lado, os “homossexualistas” ganham mais um argumento apenas assistindo o destilar do ódio de seus opositores.

A PL 122 é uma desgraça. Pena que não é apenas ela, pois, sendo justo, tem-se que admitir que os modos da refutação sejam tão cheios de ódio e de homofobia, que, por tal razão, até quem está errado fica certo pelo ódio do antagonista.

A verdade tem que ser seguida em amor. Pois, do contrário, até a verdade se torna mentira quando os modos são os do ódio.

Podendo escrever muitas outras coisas, mas atendo-me apenas a estas, peço as orações de todos, pois, o resultado de tudo isto pode ser a criação de muito mais ódio numa sociedade que está perdendo por completo o amor e a reverencia pelo próximo.

No espírito que Dele tenho aprendido,
"

Caio Fábio

terça-feira, 7 de junho de 2011

Quando tudo dá errado

Era tarde, tinha várias coisas para fazer, embora o mesmo soucis (inquietação). Mas tudo bem, problemas existem para serem resolvidos, não é mesmo? "Então vamos lá fazer algumas chamadas internacionais e colocar um ponto final nisso", pensei.

Tolo que sou.

Pois bem, minha assinatura no Skype acabou e não foi renovada. Estranhei. Tá certo que houve um problema com a empresa terceirizada no Brasil, mas o susto maior foi quando descobri que meu cartão não existe mais.

"Como assim?".

O cartão com altas e boas anuidades sumiu do sistema. Liguei para o Fone Fácil (que paradoxo!) e descobri que meus dados que sei de cor e salteado não batem com o que eles possuem no sistema.

"Acho que errei algum número, não é possível!", retruquei comigo mesmo.

Tento de novo. A moça do FoneDifícil me diz a mesma coisa, "dados não conferem".

Eu não sou besta, embora alguns pensem que eu sou. Faz mais de 10 anos que mexo com Internet Banking, que visito a agência do banco, que "mudo de endereço". Nada é "novo" para mim. Mas para evitar surpresas inesperadas, antes de viajar novamente, conferi tudo. Estava tudo certo, tudo tranquilo, cartas e extratos chegando no endereço que queria, acessando minha conta normalmente e vendo os extratos do cartão de crédito.

Ligo novamente, mas agora para falar com meu gerente. O jovem rapaz, super educado e gentil, me deu todas as dicas. Conferi com ele todos os meus dados, para ver se os meus dados eram realmente meus. Ele checou tudo, nada de errado, mas eu precisava enfrentar a bendita musiquinha e falar com alguma moça do FoneDifícil.

FoneDifícil:
- Olha, infelizmente os dados não conferem

Miserável Homem que Sou:
- Como assim não conferem?

FoneDifícil:
- Alguns dados que o senhor falou não conferem com o sistema. O senhor precisa ir na sua agência e conversar com seu gerente

Miserável Homem que Sou:
- O que acontece se eu estiver na África?

FoneDifícil:
- O senhor precisa conversar com o seu gerente e conferir os dados com ele, se realmente são os mesmos ou se foram atualizados

Miserável Homem que Sou:
- Menina, eu acabei de fazer isso. Aliás, já faz três vezes que tento resolver isso com vocês. Já liguei para minha agência umas quatro vezes, se não estou enganado. Estou fazendo uma ligação internacional, gastando todos os meus créditos do Skype e sem poder adicionar mais um centavo pois o cartão que sempre uso está bloqueado, sem eu saber por quê

FoneDifícil:
- O senhor pode usar o telefone impresso no verso do cartão e fazer uma chamada a cobrar (FoneDifícil)

Miserável Homem que Sou pensou em dizer mas não fez pois estava nervoso:
- Como se "chamadas a cobrar" funcionassem em todos os países de terceiro mundo. Vocês precisam pensar que nem todos os clientes internacionais que possuem vivem nos EUA ou Europa. Eu, por acaso, estou na África. E aí? "Tô nem aí", cantam vocês?

Enfim...

Quando eu vi meu tom de voz aumentar, devido ao problema no sistema deles e não na minha cabeça (meu gerente falou que os dados que eu disse estavam corretos), parei de vez. Tive vontade de desligar o Skype na cara da menina, mas ela não tem culpa alguma.

Antes meus dados estavam ok. Agora não estão mais. Ou será que eu sonhei que atualizei meus dados em sonho e visão, em vez de ser no mundo real. Ou será que estou na Matrix? Na verdade, quem está errado sou eu mesmo.

Amanhã o Errado (Miserável Homem que Sou) vai tentar novamente até gastar os 40 centavos que ainda restam na minha conta Skype. Será que consigo esse milagre, já que cada minuto custa 14 centavos e ontem eu passei 7 minutos ouvindo musiquinha?

E alguém me disse que, agora, a empresa que não atender em menos de dois minutos será multada. "Meu Brasil Brasileiro".

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Esqueça-se

Ontem eu estava em uma cafeteria, como de praxe. Isso é normal para os homens daqui, já que é nesse lugar que eles se encontram para ver os jogos do Barcelona. Nele também jogam conversa fora, se encontram para fazer negócios, além de tomar um bom e forte café. É nesse lugar também que aproveito para estudar um pouco o Árabe, colocar os exercícios em dia enquanto espero o horário da minha filha sair da escola.

Enquanto eu respondia os exercícios da escola, tive que parar por um momento. Fui interrompido pela curiosidade: alguém que falava na televisão, um homem com sua criança no colo, reclamando à plenos pulmões do que está acontecendo na Líbia. Em seguida ele começa a chorar (como o seu filho nos braços), para a TV mostrar, logo em seguida, o corpo de uma pessoa, morta. Não demorou muito para a TV Aljazeera mostrar inúmeras imagens de pessoas orando nas mesquitas aos prantos. Olhando para o céu e com as mãos estendidas. Todos ajoelhados como costumam fazer quando oram, chorando e clamando para Allah. No meio dos clamores do povo, a TV mostrava trechos de desafio do atual presidente da Líbia, Mohamar Kadafi (sinta a foto).

Eu tive que sair do café, nos dois sentidos. "Saí" para poder pensar no que essa gente está sofrendo, tentado imaginar como Papai tem ouvido os gritos deles. É uma realidade distante da minha pois lá estava eu, confortavelmente sentado e estudando ao cheiro do café. Porém, isso em nada mudou meu pensamento de que precisamos olhar a nossa volta e "fazer valer" (repare as aspas) aquilo que somos (ou deveríamos ser). Em seguida, saí - literalmente - do café para buscar minha filha na escola, mas as imagens continuam na cabeça, e tive que conversar com Papai a respeito. Afinal de contas, Ele é “todo ouvidos” para aqueles que falam segundo o Seu coração. É preciso um "basta" no que está acontecendo na Líbia.

Bom, eu sei que a grana tá curta, apertada. Sei o Barcelona é o campeão da Champions League (com todo o merecimento). Também sei que a queda do avião da Air France vôo 447 (2009) durou apenas 3 minutos e meio. Fiquei sabendo da decisão da Dilma em vetar o tal "kit anti-homofobia" e que, ao que parece, foi uma decisão "ajudada" pela ameaça dos deputados evangélicos em sujar mais o Palocci, braço direito dela. Isso nada mais é do que uma demonstração de "poder" deles, baseado não no óleo, mas na politicagem e jeitinho. Afinal de contas, parece que a influência deles é nula. Só vale mesmo a ameaça... Mas não se importa os meios, o que importa é conseguir o que quer. Na falta do normal, vamos de anormal mesmo.

Mas o que tem a ver Barcelona, kit anti-homofobia, vôo 447 e a Líbia?

Muita coisa.

Tudo tem a ver, pois nós estamos no mundo. O mundo que gira sem parar, desde que foi criado e, por causa da distância com Papai, sofre as conseqüências do amor frio e indigesto que gira e contagia à sua volta. Pois sempre temos o "meu" buraco, o meu problema, minhas coisas a resolver. Isso tudo é verdade. Mas o "meu" não pode me cegar para a minha responsabilidade. Precisamos olhar o mundo como Ele olha. Viver na África do norte, uma região em extremo "rebuliço" (embora onde morarmos não vemos problemas aparentes), nos faz repensar muita coisa. O que tem que ficar na mente é que o que vale eternamente. O resto é resto.

Eu só quero compartilhar com você um convite que eu fiz a mim mesmo. Esqueça o "meu". Esqueça os "seus" problemas, as coisas que precisas resolver, coloque-as de lado por um momento. Por mais que você não tenha acesso as imagens que eu vi na cafeteria essa semana, imagine por um instante se a cidade onde mora fosse bombardeada. Tropas guerreando entre si. Eu não quero imaginar, por exemplo, se eu tivesse um membro de minha família nesse vôo 447, mas eu posso orar pelas famílias. Como eu perdi meu pai estando bem longe e sem poder voltar para sepultá-lo, acho que consigo sentir um pouquinho da dor deles. Mas será que eu preciso passar pela dor para poder, enfim, "sentir com" (empatia)?

Lembre-se sempre, pelo amor de Deus, que nós vivemos em um mundo que sofre. E muito. Sofre pelas desigualdades sociais, pela imoralidade desenfreada, sobre por causa de seus líderes "à la Kadafi" (Líbia). Sofre também por causa de nós, pois vemos as coisas passarem pelos nossos olhos com a mesma rapidez que o Jornal Nacional troca de reportagem. Em um momento o Bonner cita o problema na Líbia, para em menos de 2 minutos sabermos como o Barcelona ganhou o título. E assim vamos "vivendo" entre aspas, como se nada existisse em nossa volta. Em vez de peregrinos, somos "turistas na terra": tira uma foto bonita ali, outra acolá, compra um souvenir. Não há envolvimento com as coisas "da terra", já que "a minha pátria não é aqui". Caminhamos esbarrando nas pessoas e dizendo, "desculpa, tô olhando para o céu".

Temos motivos de sobra para "se interpôr" (interceder) por estes que passam por lutas imensas, que precisam do toque do Seu amor. Não estamos em prisões embora vivendo em um planeta "em prisão". Mas vivemos para viver os "belos cânticos de Sião" que falam da bondade, da misericórdia, da fidelidade e do Amor. Amor de d'Ele, que em Seu Filho, nos libertou de tudo. Inclusive de nós mesmos.

Que Papai nos junte, em uníssono, em prol deste mundo que sofre e geme. Ainda há tempo de parar de beber café, de dobrar os joelhos, de arregaçar as mangas.

De alguém que chorou tomando café

terça-feira, 26 de abril de 2011

O Futuro morreu. Que bom!

" Hoje acordei para um dia normal. Todavia, o Futuro acabou me deixando nervoso de novo. Não entendo por quê ele me atazana tanto! Poxa vida, será que ele não pode ficar em seu lugar? Será que não pode se calar? Será que ele não pode me deixar em paz?

Não, não pode.

Por isso, tomei uma providência séria. O que aconteceu nessa manhã foi que acabei perdendo a linha e briguei feio com ele a tal ponto de jogá-lo no chão e socá-lo com extrema raiva. Chega de me fazer sofrer, me deixa em paz!

Estou cansado dele. Portanto, acabei matando o Futuro, ele morreu hoje. Não tem mais essa palavra no meu dicionário. Pronto, está feito. "

domingo, 24 de abril de 2011

Hoje é Domingo!


Hoje é domingo. Dia de macarronada com coca-cola (segundo alguns locais da nossa Terra Brasilis). É dia de ver todos da família, reunida ao redor da mesa, logo depois de um bom e saudável encontro com outros amigos da chamada "Família Maior".

Além da provável macarronada, você pode encontrar algumas coisas boas feitas com chocolate. Afinal de contas, a tradição (e o paladar!) nos lembra dos ovos de chocolate que tradicionalmente comemos nesses dias. Delícia.

Delícia em ver todos juntos, relembrando do sacrifício d'Aquele que fez morrer a morte, neutralizando para sempre o seu ferrão. A Paixão continua, rumo aos lados e para o céu, no Seu nome, grande nome.

Boa páscoa!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Quando um maluco aparece

Me lembro de uma vez onde vi um assassinato, à cerca de 10 metros de mim: Um rapaz dando 10 tiros em um outro. A cena foi tão chocante que eu me paralisei. Enquanto todos se jogavam no chão, meus amigos gritando para eu se jogar por terra e se proteger das balas, eu ficara em pé olhando um homem (como eu) matar um outro (como eu).

Eu só fui ver o sangue mesmo quando a dona da casa veio com uma mangueira para limpar o chão. Chão esse já "limpado" pelo traficante que, assim que terminou os cerca de 10 tiros, já gritou pedindo por uma Kombi. Ela veio rápido, jogaram o corpo dentro e desapareceu.

O cena foi chocante. Foi chocante porque custava a acreditar em ver alguém brincando de ser Deus. Eu não olhei para o corpo, não chorei (nem uma lágrima sequer), nem fiquei pensando na família do morto. Meus olhos se concentraram no atirador que, com o famoso sangue frio, dizia para Deus e o mundo que ele era o "sangue bom na parada". Ele é o dono do morro, o que decide, o que é "deus", o que decide quem vive ou não. Obviamente que ele não durou 6 meses pois foi fruto da mesma arma que usou. Como diz o ditado, quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Sim, humanos matam. Humanos se destroem. Ontem pela manhã mais um humano agiu loucamente, ao atirar em crianças dentro de uma escola da zona oeste do Rio. Mas por quê?

Meu Deus, por que esse louco pensou em fazer isso?

Será que ninguém percebeu sua loucura antes?

O Senhor não viu ele premeditando isso? Não percebeu seu plano? Não viu ele escrevendo a carta antes?

Por que ele idealizou isso? O Senhor já sabia que isso ia acontecer, por quê não "agiu"?

Por quê o Senhor não impediu?

Será que as crianças estavam em dívida contigo?

Será um castigo para as famílias que, poderiam estar "em pecado"?

Por quê o Senhor permitiu que isso acontecesse?

Por quê meu Deus?

As perguntas são muitas e as chamadas respostas prontas jamais irão nos saciar. Aliás, se prosseguirmos com as perguntas, um novo livro de Jó será lançado. Mas a verdade é nua e crua: existem muitos "livros de Jó no mercado". O que dizer do Joãozinho arrastado pelo carro? O que dizer do pequenina Nardoni jogada pelo pai pela janela? Sem falar nas milhares de histórias macabras que o Jornal Nacional não conseguiu (e nem conseguirá) mostrar.

São livros de Jó vivos, escritos por lágrimas, dores e perguntas.

Mês passado tive a oportunidade de ler um texto do Caio Fábio sobre sofrimento. O texto é estarrecedor e esclarecedor. É profundo, chocante e verdadeiro. É uma mãe que fala de sua filha, seu sequestro, sua esperança, de um louco, de uma morte horrível, de pais aterrorizados.

Querendo ler o que ele escreveu, basta baixá-lo aqui e deixemos Papai escrever o final desses livros de Jó que constantemente escrevemos no decorrer de nossa vida aqui na terra.

O que nos resta, como Noiva do Nazareno (que um dia também chorou) é chorar com os que choram, esperando pela "conclusão" desse livro que ninguém na terra gostaria de escrever.

Afogados em perguntas e lágrimas, vamos deixar nossos livros em Suas mãos. Aí sím, nossos olhos o verão.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Assassinos!

Muro muito mais alto que o de Jericó. Mares impossíveis de serem abertos.

É o olho questionando o dedo, o dedo mordendo o pé. Diferença gera briga? Por quê meu Deus? "Pergunte à sí mesmo", Ele vai dizer.

Quando é que o mundo vai realmente conhecê-lO (João 17:21)?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Perdí mais um amigo?

Era quase uma hora da tarde, em uma esquina bem movimentada. Meu amigo estava de malas prontas em sua casa, estávamos em seu carro. Tinha acabado de ajudá-lo em uma das muitas coisas que ele tinha para fazer antes de sua viagem rumo a capital. Seu objetivo agora é estar em outro país, com sua esposa e filha.

Em meio a um abraço rápido e um "thank you for everything", nos despedimos rapidinho (pois a buzina estava tocando atrás da gente) e lá se foi ele para sua nova jornada. Lá fiquei eu, com olhos molhados, tentando engolir o último acontecimento de minha vida.

Perdi ou não um amigo?

Meu primeiro amigo foi o Marcelo. Subíamos no pé de Abíu juntos, pois ele quase sempre vinha (ou eu até ele) brincar em minha casa. Éramos vizinhos e como bons amigos estávamos sempre perto um do outro. Crescemos em meio a brigas também, mas muitas brincadeiras de bola, Comandos em Ação e outras coisas boas desse vida.

Um aniversário que eu consigo me lembrar é o de 5 anos (ou será 6? Eita, não lembro direito). Me lembro que foi uma festa e tanto, não consigo me lembrar dos detalhes mas do mais importante eu me lembro sim: Muita gente na casa, um caminhão de brinquedo que ganhei e, claro, Marcelo. Ele estava lá do meu lado, inclusive quando fomos cantar "parabéns para você". Estava em pé em outra cadeira, bem do meu lado, como se nós dois estivêssemos fazendo aniversários juntos.

Amigos nascem juntos. Creio nisso desde os 5 (ou 6?) anos de idade.

O tempo foi passando, e a barba crescendo. Mas antes da barba, Marcelo se mudou para o Méier e aí foi também grande parte do meu coração. As pessoas costumavam dizer que eu era "um bicho do mato". Mas eu acho que a saída dele me ajudou nisso, apesar de saber que sou quieto por natureza. Não gostava de fotos, escondia meu rosto diante das máquinas. Acho que até hoje eu não gosto.

Pois bem, se o Marcelo não vem a mim, eu vou à Marcelo. Passava férias na casa dele, e gostava demais de brincar com seus brinquedos, sempre "os últimos da moda". Odiava vê-lo tratando-os de qualquer forma, alguns novos já estavam quebrados! Que pecado. Quando ele vinha para a Baixada, estava lá em casa... A barba foi crescendo, ele voltou para perto, voltou a ser vizinho. As "brincadeiras" mudaram, sentávamos em frente ao mercadinho de seu pai para conversar sobre Flamengo, ver as meninas bonitas passando pela rua, olhar o movimento do Zenóbio da Costa... Um tempo à toa, mas não à toa. Afinal de contas, tempo com amigo é precioso. Mesmo que seja à toa. Até hoje, quando volto para casa, bate uma saudade e tanto quando vejo o mercadinho.

Me lembro quando seu avô morreu. Ao entrar no cemitério, entrei em prantos junto com outro amigo, Givanildo. "Não sei se vou aguentar ver meu pai e minha mãe morrer!", falava aos prantos. Não me lembro de nenhuma palavra que o Giva me disse, mas nunca me esqueço de sua mão no meu ombro. Assim se foi o avô do Marcelo, meu primeiro amigo. Marcelo estava ao lado de seu irmão, Tiago, numa das cenas mais horríveis que ví na minha vida: os dois chorando olhando para a terra que acabara de enterrar o avô deles. Avô que não era avô, era pai. Talvez seja por isso que Marcelo vivia com os avós.

Hoje eu não tenho notícias do Marcelo. Cheguei a visitá-lo uma vez, estava meio gordo, ainda "cheio de graça" e com as mesmas palhaçadas de sempre. Talvez hoje eu não o reconheça na rua, talvez continue vivendo em Quintino com a avô, talvez tenha tomado vergonha na cara e tenha se casado. Realmente eu não sei. Só sei que ele era e é meu amigo.

E aqui estou eu, em uma terra estranha, dentro de um taxi, disfarçando minhas lágrimas para que o motorista não me veja. Eu "perdera" e perdera um amigo.

Perdí ou não perdí? Eis a questão.

Rapaz, você perdeu e não perdeu. Não quero filosofar, mas amigos não se perdem, eles sempre são. Podem subir em árvores, estar ou não com você no teu aniversário, podem ter barba. Podem morar no mesmo bairro, e até mesmo mudar de país. Eles ainda são. Mas também é verdade que os perdemos pois a presença deles é mais que festejada, a ausência deles é mais que chorada. Não adianta apagar o sentimento, essa é verdade. Apesar do Skype e Messenger da vida, sempre bom sentir o braço deles no ombro.

Assim a vida continua, amigos vem e vão, sempre serão. Os que se vão, ficam como lembranças vivas de que o Reino realmente existe. Como é bom saber que muitos deles eu os verei novamente! Se não for aqui em baixo, será lá em cima.

Marcelo e Jeon, até um dia! Ou então, até o dia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vamos realmente dar uma espiadinha?

Espiadinha. O ser humano adora isso: aquele olhar meio de lado, meio não querendo mas querendo, só para saber o que está acontecendo e saciar a curiosidade que ultrapassa tudo e todos.

Abaixo, um texto sobre o Big Brother Brasil, um programa que, convenhamos, é o pior da televisão brasileira. Quem "assina" a crônica é Luiz Fernando Veríssimo, mas não se sabe realmente se é verdade.

Sendo ou não, vale a pena a leitura.

Boa leitura, desligue sua TV.

CRÔNICA SOBRE O BIG BROTHER BRASIL
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (está indo longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência. Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros… todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE. Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!). Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente,chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.. Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia.

Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a “entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão. Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores ).

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa? Ir ao cinema, estudar, ouvir boa música, cuidar das flores e jardins, telefonar para um amigo, visitar os avós, pescar, brincar com as crianças, namorar ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Receita de Ano Novo


Para você ganhar um belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond Andrade